Ars Moriendi
[Ab imo Pectore]
Sentimentos amargos são cuspidos
Para um vazio de emoções penosas,
Frios e profundos como jazigos,
Frutos de lembranças tempestuosas.
Funde-se a dureza da vivência
Com a inocência macia de criança,
Cose-se a verdade com a sapiência,
Pelo peito é trespassada a lança.
Entoações merencórias são ouvidas
Entre gritos afiados de desespero,
Como navalhas em pele são sentidas,
Representam dor sentida, desassossego.
Desassossego eterno das mentiras,
Desespero eterno que gera o medo.
O brilho no olhar, consegues ver? Consegues sentir a mágoa libertada pela pupila entre os cabelos soltos? Mágoa oriunda da raiva, raiva que destrói.Aquele olhar vidrado que provoca arrepios na espinha como uma pedra de gelo que derrete com o calor do corpo... Consegues ver? Consegues sentir a frieza da palidez? Sentes as cicatrizes com o mais suave toque? Pele lisa, pálida, fria. Olhar brilhante, vidrado, odioso.Vês as linhas negras que cosem seus lábios? Sua mudez eterna é banhada por lágrimas cortantes. Toca seus lábios e sente... Sente a textura das linhas que adornam o portão das mentiras.Seu corpo treme, gelado, desesperado... Sentado sobre pedra escura, sua pele branca está envolvida por pano, burel, puro burel que tenta aquecer o mais frio dos seres. Não tenta encobrir, as mentiras não se encobrem: Descobrem-se. Descobrem-se pelo olhar, pelo tremer, pelos lábios que pronunciam as palavras, descobrem-se e cultiva-se a mágoa, a destruição. Descobrem-se... Agora descobrimos... E sentamo-nos sobre a pedra da vida que nos revela todas as suspeitas. Nosso corpo então treme, gelado e desesperado. Nossa mente sabe a verdade, nossos sentidos sempre souberam, tentávamos ocultar as mentiras de nós mesmos. Nosso olhar torna-se brilhante das lágrimas que nos cortam escorrendo pela face, molham nosso cabelo solto. Pegamos na agulha e cosemos nossa boca, tentamos impedir que a mentira saia de nós agora que a sabemos. Albergamos a verdade, carregamos a mentira no peito. Peito dilacerado como se uma lança o tivesse trespassado. Agora que a mentira reina em nós também reina o desassossego... Eternamente.
Sentimentos amargos são cuspidos
Para um vazio de emoções penosas,
Frios e profundos como jazigos,
Frutos de lembranças tempestuosas.
Funde-se a dureza da vivência
Com a inocência macia de criança,
Cose-se a verdade com a sapiência,
Pelo peito é trespassada a lança.
Entoações merencórias são ouvidas
Entre gritos afiados de desespero,
Como navalhas em pele são sentidas,
Representam dor sentida, desassossego.
Desassossego eterno das mentiras,
Desespero eterno que gera o medo.
O brilho no olhar, consegues ver? Consegues sentir a mágoa libertada pela pupila entre os cabelos soltos? Mágoa oriunda da raiva, raiva que destrói.Aquele olhar vidrado que provoca arrepios na espinha como uma pedra de gelo que derrete com o calor do corpo... Consegues ver? Consegues sentir a frieza da palidez? Sentes as cicatrizes com o mais suave toque? Pele lisa, pálida, fria. Olhar brilhante, vidrado, odioso.Vês as linhas negras que cosem seus lábios? Sua mudez eterna é banhada por lágrimas cortantes. Toca seus lábios e sente... Sente a textura das linhas que adornam o portão das mentiras.Seu corpo treme, gelado, desesperado... Sentado sobre pedra escura, sua pele branca está envolvida por pano, burel, puro burel que tenta aquecer o mais frio dos seres. Não tenta encobrir, as mentiras não se encobrem: Descobrem-se. Descobrem-se pelo olhar, pelo tremer, pelos lábios que pronunciam as palavras, descobrem-se e cultiva-se a mágoa, a destruição. Descobrem-se... Agora descobrimos... E sentamo-nos sobre a pedra da vida que nos revela todas as suspeitas. Nosso corpo então treme, gelado e desesperado. Nossa mente sabe a verdade, nossos sentidos sempre souberam, tentávamos ocultar as mentiras de nós mesmos. Nosso olhar torna-se brilhante das lágrimas que nos cortam escorrendo pela face, molham nosso cabelo solto. Pegamos na agulha e cosemos nossa boca, tentamos impedir que a mentira saia de nós agora que a sabemos. Albergamos a verdade, carregamos a mentira no peito. Peito dilacerado como se uma lança o tivesse trespassado. Agora que a mentira reina em nós também reina o desassossego... Eternamente.