quinta-feira, janeiro 08, 2009

[Sotnemgraf]

"Ser filósofo é viver para pensar, pensar é morrer, filósofo és morto estarás."

Pensamentos que se cruzam pela madrugada. Param e observam-se. O tempo avança lentamente enquanto uma dezena de pensamentos se olha intensamente, vagueavam perdidos numa imensidade de subconsciências, entre lembranças, imagens e devaneios, vagueavam perdidos num mundo fracturado. A verdade chega assim que se confrontam, tudo será desvendado, tudo poderá ser perdido, o tempo é o agora.

(O tempo é o agora)

Meus pensamentos não são mais meus, ganharam vida própria já há muito tempo, meus pensamentos são agora pensamentos.
Teus pensamentos caminharam de mãos dadas com os meus e inevitavelmente com um passado longínquo intensificado por sensações esporádicas de agora. Teus pensamentos não caminham de mãos dadas com os meus pensamentos, teus pensamentos agora perseguem pensamentos procurando incansavelmente a âncora que os segurava a um porto seguro... Mas agora tudo o que resta são os mares tempestuosos de um consciente incontrolável.
Entre mares austeros, que antecipam a aurora, e ventos gélidos, fruto de um Inverno antecipado, vários são os pensamentos que se confrontam, um milhão de pequenas vozes são ouvidas, no entanto nenhuma é entendida. Pensamentos que lançam factos já conhecidos, pensamentos que levantam incertezas insensatamente. Um milhão de vozes é lançado e no entanto nenhuma verdade é ouvida. Vozes que jamais conseguiremos impedir de serem soltas, vozes que jamais conseguirão ser entendidas. Uma infinidade de pensamentos lançados, uma infinidade de tempo que não pára, nada pára o pensamento de ser criado, nada consegue parar o tempo de modo a que o pensamento seja entendido. O tempo não é o agora, o tempo é o contínuo inevitável.

(O contínuo inevitável)

Enquanto pensas que o tempo é o agora o tempo passa... Fazendo com que o tempo seja o passado, tentas prever o que vais pensar seguidamente, tornas o tempo no futuro. O tempo não é o passado, o tempo não é o presente, o tempo não é o futuro. O tempo não é recordação não é passagem nem é especulação. O tempo é o contínuo inevitável que vive enquanto estás demasiado preso a pensar no passado, no presente e no futuro. O tempo vive, tu vives estagnado no tempo. O tempo não estagna, quem estagna és tu, sou eu, somos nós. A ampulheta gira imparavelmente enquanto a observas, não há como voltar atrás. Não há como adiantar o futuro... Não há como viver o presente enquanto estamos continuamente a sorrir ou a chorar por um passado feliz ou miserável. Não há como viver o presente enquanto vamos preparando um futuro feliz, miserável ou inexistente.